quinta-feira, 5 de março de 2009

Estranha coincidência ou a CML está alheia a tudo isto?

Moradia com azulejos de Almada foi comprada por filhos do empresário "Bibi"

28.02.2009, Ana Henriques e José António Cerejo (no jornal "O Público).

A moradia do Restelo onde a Câmara de Lisboa embargou, na semana passada, a remoção de vários painéis de azulejos de Almada Negreiros foi adquirida em Janeiro por uma empresa de que são donos os filhos de Vítor Santos - um construtor civil conhecido também por "Bibi", que tem dívidas ao fisco superiores a um milhão de euros e se destacou há alguns anos pelas ligações ao Benfica.Nos termos da escritura da transacção, a compra foi feita por 1,75 milhões de euros, mas, ao contrário do que foi noticiado, não consagra quaisquer direitos dos antigos proprietários (a empresa Principado do Restelo) em relação aos azulejos de Almada Negreiros. A ideia de que foram os vendedores que ordenaram a retirada dos painéis começou a circular no próprio dia do embargo, desconhecendo-se qual a sua origem, muito embora ela beneficiasse apenas os novos proprietários.O PÚBLICO tentou várias vezes contactar Artur Jorge Santos e José Domingos dos Santos, os filhos de "Bibi" em nome dos quais o empresário pôs parte das suas empresas quando começou a ter problemas com as Finanças, mas nunca foi possível chegar à fala com eles. A sociedade que adquiriu a moradia e de que eles são os únicos sócios é a Soindol, que tem sede no mesmo edifício em que estão instaladas várias empresas da família, entre as quais a Euroalfragide. Esta última esteve em Novembro passado no centro de uma polémica relativa à instalação do Tribunal da Amadora num prédio de que é proprietária. As condições leoninas do negócio, a falta de condições do edifício (que seria arrendado ao Estado) e a relação da empresa com Vítor Santos foram noticiadas pela revista Visão, tendo depois o ministro da Justiça decidido cancelar a operação.A escritura do imóvel da Rua de Alcolena, que a Soindol pretende demolir para construir uma nova moradia, refere que os intervenientes exibiram uma "listagem do Igespar" que, alegadamente, confirma o facto de a rua em causa não estar situada em "área abrangida por servidão administrativa do património cultural" - o que não é verdade, dado estar inserida na zona de protecção de vários imóveis classificados, incluindo um monumento nacional. O director do Igespar confirmou isso mesmo na semana passada e disse que o instituto nunca foi contactado pelos proprietários. Vereador Salgado diz que a venda dos painéis em conjunto com a casa facilita a protecção dos azulejos .

Nota da Adm. do CDU de Belém-Mais uma vez o IGESPAR é ultrapassado como no caso das "antenas da Rua do Galvão", mas parece-nos que neste caso a Justiça está actuar em conformidade com o preceituado na lei.

C.F. de Belém


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