domingo, 18 de outubro de 2009

Consequências do capitalismo predador!

France Telecom

Mais um caso de um trabalhador que comete suicídio!


Segue imparável o número de trabalhadores da France Telecom que estão a cometer suicídio. Mais uma vez as razões são as mesmas de sempre: precariedade no trabalho, falta de estabilidade e perspectivas de futuro.

Segundo os sindicatos, a France Telecom e a gestão empresarial que tem vindo a seguir há uns meses a esta parte, está a provocar um enorme stress e desgaste nos seus trabalhadores, ao informá-los mesmo pela televisão através do seu Presidente
[1] de que terão de habituar-se a “mudanças” na empresa: responder à competitividade e às leias que o mercado dita. Segundo a France Press, a estratégia definida pela empresa centrou-se na contagem dos tempos de pausa, numa pressão enorme para que os trabalhadores produzam mais, nas pressões sem fundamento para que os trabalhadores aceitem uma alteração de funções forçada, nas pressões para que aceitem despromoções e até mesmo demissões. O último caso a marcar esta onda de suicídios é o de um engenheiro de 48 anos. O engenheiro em causa estava de licença médica há um mês e enforcou-se em sua casa, na Bretanha.

A France Telecom como se sabe, é a principal empresa de telecomunicações de França empregando cerca de 220 000 pessoas e com 90 milhões de clientes em todo o Mundo. Em 2008 apresentou um lucro líquido superior a quatro bilhões de euros. Trata-se na nossa opinião do mais brutal ataque que se pode fazer a um trabalhador ou seja, obrigá-lo a cometer suicídio. Nestas ocasiões nada importa, chegou-se a um beco sem saída para estas pessoas em que a vida deixou de fazer sentido e na qual já não conseguem obter respostas para as suas perdas.

Émile Durkheim nascido em Epinal, na Alsácia no dia
15 de abril de 1858 é considerado um dos pais da sociologia moderna e fundador da sua escola francesa, explicita em O suicídio publicado em 1897 para o facto de que ao contrário de muitos estudos contemporâneos sobre o suicídio que focavam características individuais para justificá-los, nesta obra Durkheim estuda as ligações que são estabelecidas entre os indivíduos e a sociedade e que resulta no facto de que a sociedade molda a personalidade onde um indivíduo vive. Durkheim avança ainda para o conceito “anomia” ou seja, estado em que um indivíduo deixa de estabelecer metas próprias, perdendo a sua identidade, provocada pelas inconstantes mutações que surgem no mundo social moderno. O Capitalismo surge e com ele surge também uma quebra total com os valores tradicionais provenientes do pensamento religioso. A modernidade não oferece portanto uma “proposta de vida” ao indivíduo, conduzindo-o dessa forma a uma deriva que vai aumentado à medida que deixa de ser combatida. O indivíduo deixa de sentir-se como parte integrante da sociedade optando por “condutas desviantes”.
Nesta era marcada pelo Neoliberalismo – ganha forma em 1960 e caracteriza-se como sendo a doutrina económica que defende a
absoluta liberdade de mercado e uma restrição à intervenção por parte do estado sobre a economia, só devendo esta ocorrer em sectores considerados imprescindíveis e ainda assim num grau mínimo (minarquia). É nesse segundo sentido que o termo é mais usado hoje em dia e vai servindo para que estas situações aconteçam. Para nós, este Capitalismo Selvagem[2] irá canibalizar-se a si próprio, pondo fim a um capítulo negro da nossa história. Aguardemos.



[1] Didier Lombard


[2] Fase do Capitalismo que de início se reportou à Revolução Industrial mas que hoje em dia é usada quando é retratada a concorrência brutal (em especial) existente entre as multinacionais que se degladiam para quem quer obter o maior lucro, no menor espaço de tempo e com as menores despesas possíveis.
T.C . Adm. do Blogue CDU em Belém.

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